Não há mais romances inéditos, dizem os pessimistas. Eu digo que acabará o romance no dia em que o nosso deixar de ser inédito. E a culpa é toda tua.

Os contornos do que criamos são tão cheios de raro como o que conteúdo que circunscrevem. Aqui o desafio é tentar dimensionar a grandeza que nunca foi, ainda não é e jamais será tangível. Às vezes tentamos medi-la com palavras, numa linguagem íntima e é nesse tentar que encontramos a verdadeira grandeza do que ainda não somos e sabemos tão bem ser. Endireitamos as costas, levantamos a cabeça e damos passos de gigante, muito maiores que as nossas próprias pernas, com uma segurança e uma naturalidade que custa a acreditar que alguma vez soubemos caminhar de outra forma. E a culpa é toda tua.

Evoluímos a rotina com uma dança-desejo de provocar o mito, pois há já 1462 dias que a nossa realidade se tornou plena desses “nadas que são tudo”. Aos olhos dos outros, esta dança poderá até ser chamada de delírio místico. Por falar nisso, os teólogos que se dedicam ao estudo do gnosticismo arriscaram definir isto (que temos): Há sempre o Æon primitivo e perfeito, o manancial de divindade e um co-eterno Æon companheiro. Destes emanam um segundo par, que, por sua vez, geram outros em consonância com a ideia egípcia de casais divinos. Não será neste Æon que o que e inédito, vai deixar de o ser. E a culpa é toda tua.

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